Vamos falar de Fibrose Cística?
- O que é?
A fibrose cística (também
conhecida como Mucoviscosidade) é uma patologia hereditária recessiva,
resultante da transmissão de cópias anormais do gene regulador transmenbrana da
fibrose cística (CFTR), localizado no cromossomo 7.
No nosso organismo, a proteína
CFTR localiza-se nas células epiteliais, mais precisamente nos canais de cloro.
A disfunção do canal leva a um distúrbio de transporte de cloro através dos
epitélios e influxo compensatório de sódio para manter a neutralidade com
conseqüente influxo da água, o que leva á desidratação da superfície celular,
com formação do muco espesso – uma das características principais da doença.
- Orgãos afetados
A FC acomete as glândulas exócrinas. Portanto,
os seguintes órgãos são afetados:
- Pulmões: a principal característica é a secreção espessa.
Muitos pacientes apresentam pneumonias consecutivas, muitas vezes precisando de
internação hospitalar e antibioticoterapia. Com infecções respiratórias
constantes, aparecem as bronquiectasias ( dilatação e distorção irreversível
dos brônquios, em decorrência da destruição dos componentes elásticos e
musculares de sua parede). Outra característica marcante é a tosse persistente,
por vezes “seca”. Existe SIM secreção brônquica e pulmonar, porém a
secreção fica aderida de tal forma que
nem sempre a expectoração ocorre a cada momento de tosse.
- Pâncreas: o órgão
não produz enzimas suficientes para completar a digestão dos alimentos
ingeridos, levando a má digestão e má-absorção de gorduras. Os ductos
pancreáticos ficam obstruídos por muco espesso, impedindo o suco pancreático de
atingir o duodeno. A diminuição ou ausência de enzimas pancreáticas conduz a
deficiência na absorção de lipídios, proteínas e de carboidratos, causando perda
de vitaminas lipossolúveis. A baixa concentração de bicarbonato no suco
pancreático faz com que o pH do duodeno seja ácido e isso contribuí para a má
absorção A má nutrição na fibrose
cística constituí um dos mais graves e difíceis desafios no manuseio dos
enfermos. Com isso ocorre parada do crescimento, emagrecimento acentuado e
deficiências nutricionais específicas e graves.
- Sistema digestivo: o processo
digestivo é comprometido pela falta de secreções adequadas ou pela grande
densidade delas.
- Fígado: a bile retida no fígado favorece
a instalação de processos inflamatórios.
- Sistema reprodutor: Mulheres portadoras de fibrose cística têm maior dificuldade
para engravidar porque o muco cervical mais espesso dificulta a passagem dos
espermatozóides. Já 98% dos homens são estéreis, embora tenham desempenho e
potência sexual absolutamente normais.
- Glândulas sudoríparas: Ocorre retenção hídrica e sódica, o
que causa o suor salgado. Essa característica é uma das primeiras a ser notada
quando a mãe beija o seu filho e nota que a pele dele está salgada.
- Diagnóstico da Fibrose Cística
A importância de um diagnóstico precoce é essencial para uma melhor
qualidade de vida e maior sobrevida.
Para diagnosticar a FC, atualmente são empregados os seguintes exames:
A presença de uma ou mais características: história
familiar de fibrose cística e/ou teste de screening neonatal positivo
Associados a: evidência
de anormalidade do RTFC.
Teste do pezinho (pesquisa de inumotripsina reativa):
é apenas um teste de triagem para fibrose cística; na presença de um ou mais
exames alterados deve ser realizado o teste do suor.
Coprológico Funcional: Análise das
fezes.
Teste do Suor: Medição dos níveis de
íons de sódio (Na+) e cloro (Cl-). É rápido e indolor. São necessários
dois exames alterados em dias diferentes. A dosagem de cloro é a mais indicada.
Valores de cloro acima de 60 mEq/l são considerados positivos. É importante
lembrar que em adolescentes e adultos os valores de cloro podem ser mais altos
e para diagnóstico são considerados valores acima de 80 mEq/l.
Existem doenças que
podem dar resultados falsos, positivos e negativos; o suor deve ser colhido
em qualquer parte do corpo, em recém nascidos com mais de 48 horas de vida. O
tempo de colheita não deve ser superior a 30 minutos;
Pesquisa Genética: Análise do DNA,
detectando as mutações para a FC
Diagnóstico diferencial
A importância da realização de exames quando ocorre a
suspeita ou a apresentação das características descritas acima é de suma importância
para diferenciar uma pessoa portadora de FC de outras patologias como: asma, bronquiolite
viral aguda/obliterante, refluxo gastro esofágico, tuberculose, AIDS, discinesia biliar, alergia a proteína do leite
de vaca.
Tratamento
Existem evidências de que a maior
sobrevida de pacientes fibrocísticos ocorre naqueles tratados em centros onde
há a atuação de equipe multiprofissional. Os objetivos da equipe são a
manutenção adequada da nutrição e crescimento normal, prevenção e terapêutica
agressiva das complicações pulmonares, estimular a atividade física e fornecer
suporte psicossocial. Fisioterapia respiratória e motora é a parte integrante
no manejo de paciente com fibrose cística e um dos aspectos do tratamento que
contribuí para a qualidade de vida.
Um acompanhamento psicológico
tanto para o paciente quanto familiar é fundamental para uma melhor aceitação e
entendimento da fibrose cística.
A abordagem profilática de
criança com fibrose cística deve enfatizar, além da imunização habitual em
nosso meio, a vacina contra vírus influenza. O tratamento atual é dirigido à
doença pulmonar, com a administração de antibiótico, a doença pancreática e as
deficiências nutricionais.
Fisioterapia e seus objetivos
Na fisioterapia respiratória utilizamos um conjunto de exercícios e
manobras que auxiliam para um melhor funcionamento do sistema respiratório,
removendo secreções, consequentemente aumentando
a troca gasosa e capacidade respiratória do paciente.
Algumas manobras utilizadas são:
-
Vibrocompressão;
- Drenagem postural;
- Flutter;
- Shacker;
- Ciclo ativo;
· Drenagem autogênica;
· Máscara com pressão expiratória positiva;
- Huffing;
Outras técnicas utilizadas durante a fisioterapia são inalações
com fluidificantes e broncodilatadores. Em alguns casos, a aspiração
nasotraqueal das secreções torna-se necessária.
A fisioterapia motora também deve ser pontuada. A importância de manter a força muscular e o
DNPM (quando tratamos de bebês e crianças em fase pré-escolar) é fundamental para uma melhor qualidade de
vida e independência funcional. A utilização de esteiras e escadas (quando
disponíveis) são ferramentas úteis na reabilitação desses pacientes. Quando as
mesmas não se encontram disponíveis, o estímulo a deambulação torna-se um
substituto. Devem ser realizados exercícios com carga utilizando halteres e
caneleiras.
Lembre-se sempre: RESPEITE OS LIMITES DO SEU PACIENTE.
Os exercícios respiratórios e
motores devem ser feitos todos os dias e em horários específicos, de maneira a
se tornarem uma rotina na vida do paciente.
Dúvidas: fisioterapeutablog@gmail.com
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Bibliografia:
CAMPOS, JVM, DAMASCENO, CARVALHO et al. Fibrose Cística. Arquivos de Gastroenterologia,
vol.33; p. 1-48. São Paulo, 1996.
PAULA, SRM. Avaliação da aderencia a fisioterapia respiratoria dos pacientes com fibrose cistica acompanhados no hospital de clinicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004
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